3 de janeiro de 2007

Liberdade, Igualdade e Democracia


Dia desses estava "futricando" as minha comunidades do Orkut e achei a do Saramago. Fiquei curiosa porque me dei conta de que, embora seja parte deste grupo de pessoas que admiram o autor, nunca havia dado atenção ao conteúdo da página. Qual não foi minha surpresa ao ler o relato de um jovem que foi a Portugal e se chocou com a antipatia do povo português para com seu ilustre escritor. Ao que me faz pensar que não somente as pessoas deixaram de entendê-lo, mas jogaram-no ao vácuo da história da literatura portuguesa.
É espantosa a capacidade que alguns têm de desvalorizar o que é seu. Não é fato só em Portugal, mas em todos os lugares. Com alguma ressalva pros gaúchos, baianos, americanos, russos, mexicanos e cubanos, orgulhosos de revoluções perdidas, tradições centenárias e lendas urbanas. Saramago é uma mente livre, um nome sem um único sujeito, mas vários. Uma pedra de saber e uma pena leve de alegria.
Não posso aceitar, a já sabia dessa rejeição ao Saramago em Portugal, que os nossos colonizadores sejam tão capciosos a esse ponto. Como alguém disse, pode ser parte do "catolicismo", mas ainda acho que é mais longe, surge da incapacidade de abrir os olhos ao fantástico. Há quem não aceite a liberdade, ainda menos a alheia. Há os que nem entendem a diferença de liberdade, igualdade e democracia. Como esperar que amem Saramago como nós, brasileiros acostumados a buscar os três conceitos? E pensar que eram ótimos navegadores - agora não conseguem enxergar além de seus próprios ombros - ensaiando a cegueira dominante, talvez.
Saramago, alheio a isso, vislumbra o horizonte fértil da literatura, da liberdade e da busca pela igualdade. Quem o viu falando sobre a Utopia, sabe exatamente a que estou me referindo. Pena os portugueses não lhe darem ouvidos, teriam muito o que aprender sobre si mesmos.
Letícia de Castro
(cega, surda e livre da mediocridade)