29 de novembro de 2005

Conversando com as paredes
me vi num momento da vida que representa uma encruzilhada. Um trevo, como dizem na minha terra. E neste contexto, rodeada de gente que eu gosto, de calçadas que eu percorro todos os dias, de livros que me lêem todas as noites, de promessas que não cumpro todos os anos e inteligência que desperdiço todos os minutos, notei que mudei. Cresci. Embora ainda adultescente. Mas um tanto mais séria, menos lacrimosa. Ainda juvenilmente esquerdista. Sinto que algo se quebrou. A Terra do Nunca está se afastando do meu roteiro diário.
Nas minhas insurgências literárias, busco me encontrar nas palavras de outras pessoas pra outros amores, sonhos alheios, olhos de sabedoria. Coisas que não tenho, não ganhei e não sei. Daí acho propriedades que me fazem querer de fato sair pro mundo e vivê-lo. Abaixo está um expemplo. E pra quem sabe do meu segredinho pra dormir, vai saber o quanto mudei.
Dorme enquanto eu velo...
Deixa-me sonhar...
Nada em mim é risonho.
Quero-te para sonho,
Não para te amar.

A tua carne calma
É fria em meu querer.
Os meus desejos são cansaços.
Nem quero ter nos braços
Meu sonho do teu ser.

Dorme, dorme. dorme,
Vaga em teu sorrir...
Sonho-te tão atento
Que o sonho é encantamento
E eu sonho sem sentir.

Fernando Pessoa

Eu agora quero ser sonho, acordado e tangível.


Letícia De Castro -
em busca da Terra do Nunca, outra vez!

28 de novembro de 2005

Sem Palavras


Totalmente sem palavras. A voz me falta, embarga quando lembro da nossa vitória histórica num lugar que não poderia ter outro nome senão Aflitos. Nem escrever eu consigo. Desculpem...a emoção retirou meus neurônios pra uma colônia de férias em Pernambuco, e ainda não voltou. Tá dando expediente debaixo de uma guarda-sol montado à direita do Deus do Futebol - ele ainda não me falou o nome, mas em breve o conquisto de vez pra fazer morada eterna em nosso estádio.
Semana que vem eu também vou começar a falar de outros assuntos, é só meus neurônios voltarem do retiro.
Beijos e saudações tricolores!!!!
Comemoração ontem:
Aninha, Deni, eu (de trancinhas em homenagem ao Andershow) e Marília.

26 de novembro de 2005


O Palhaço do Circo sem Futuro (ou A Trajetória da Terra)

Sou palhaço do circo sem futuro
Um sorriso pintado a noite inteira
O cinema do fogo
Numa tarde embalada de poeira
Circo pegando fogo
Palhaçada
Circo pegando fogo
E a lona rasgada no alto
No globo os artistas da morte
E essa tragédia que é viver
E essa tragédia
Tanto amor que fere e cansa
(Cordel do Fogo Encantado)

Nada melhor que sofrer de amor, não por amor, entendam. Mas a angústia de saber se está bem, se vem logo, se o telefone está funcionando - não toca nunca.
De saber que tem que correr pra chegar em casa porque ele tá cheirosinho esperando. De não decidir nunca o melhor presente, de programar a viagem do final de semana, de apresentar pra família.
Expectativas.
Ser palhaço sem riso, só a bobice da apaixonite.
Eu quero um amor pra cansar.
(Letícia etermante encantada)

22 de novembro de 2005

"A PÁTRIA
NÃO É NIGUÉM:
SÃO TODOS; E CADA QUAL
TEM NO SEIO DELA
O MESMO DIREITO
À IDÉIA, À PALAVRA,
À ASSOCIAÇÃO".

Mário Quintana

21 de novembro de 2005

Confessando uma paixão


Todo mundo precisa de incentivo, torcida ou apoio na vida, seja profissional, emocional ou pessoalmente. Com o Grêmio essa relação de alento é tão mais simples. Não há explicação nem mestres. Não há quem ensine, mas há os que aprendem na prática, no meio, no conjunto.

Este ano o Grêmio passou por uma fase que pode ser mal resumida entre o inferno e o céu. Chegamos à segunda divisão e nossos arqui-rivais sonham com o campeonato brasileiro. A tragédia seria iminente não fosse por um detalhe: a Alma Castelhana da torcida tricolor.

Quando tudo parecia perdido - o campo revirado pelas antigas batalhas, o calor e o suor machucando a lembrança da derrota - a Alma da torcida se engessou, inflamou e aguçou a motivação que sempre esteve ali, perene.

Neste ano de 2005, como em 93, estivemos na segunda divisão do campeonato brasileiro. Série B como preferem alguns. Esse tropeço nunca apagou da história desse grande mosqueteiro as muitas guerras vencidas, as batalhas ardidas e por isso mesmo, festejadas quando conquistadas. Muitos títulos nos fazem vencedores natos. O centenário nos mostra a grandeza de algo que nunca morre – a Alma. Nesse caso, misturada com a força com que o povo cisplatino defendeu a bandeira, a fronteira e história dos gaúchos.

Ser gremista é manter a chama da conquista sempre acesa. O fogo que nunca se apaga da Alma Castelhana é nosso maior presente ao tricolor.

Olímpico, dia 19 de novembro de 2005 – Grêmio e Santa Cruz - um ícone dessa trajetória. Estádio abarrotado, torcedores de todas as idades, credos e etnias. Gremistas oriundos dos mais diversos recantos deste estado, unindo os mais diferentes sotaques nas músicas entoadas pela Geral do Grêmio. Definitivamente uma data a ser lembrada. O dia que a Avalanche sacudiu a poeira da série B.

Em 2004 apanhamos um pouco. Em 2005 lutamos batalhas em campos difíceis, mas em 2006 seremos soberanos da nossa história. Tudo isso foi possível com apoio da torcida mais emocionada do Brasil. Cada dia eu entendo mais a expressão do Humberto Ghessinguer quando disse que "ser gremista é achar que dá". Vocês não só acharam, como fazem dar certo, sempre. Obrigada!!!!!

N.A: Fui no jogo sábado e pude presenciar exatamente a emoção que descrevi ao ver o Olímpico lotado como sempre mereceu estar - em finais, decidindo campeonatos e reeinventando-se todos os dias como um grande motivador da paixão tricolor. Inexplicável, desisti de entender porque nos apegamos tanto à um time - agora é tarde.
Pronto cofessei - sou APAIXONADA pelo Grêmio!!!



O retorno dos gremistas é sempre um bom espetáculo. Paguem pra ver!